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6 anos ago · · Comentários fechados em Implicações da Escuta à criança na clínica psicanalítica

Implicações da Escuta à criança na clínica psicanalítica

AS IMPLICAÇÕES DA ESCUTA À CRIANÇA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA:
UMA PERSPECTIVA QUE TOCA O LUGAR DA FAMÍLIA NA FORMAÇÃO DO SINTOMA

(IMPLICAÇÕES DA ESCUTA À CRIANÇA NA CLÍNICA PSICANALÍTICA) É a partir da demanda, trazida com frequência pelos pais, que pode ser encarado o modo como é constituído o sintoma na criança. De fato, levantaremos a hipótese que o sintoma é uma resposta construída a partir da angústia de um dos pais, ou dos dois, resultante da posição ideal infantil parental.

Entendemos com isso a posição que leva cada um dos pais à própria castração, na ideia de uma inter‐relação entre o sintoma da criança e o dos pais que o levam para a consulta (Levy, 2008, p.59).

Na clínica psicanalítica, ao escutar uma criança, pode‐se observar, através dos seus sintomas, que o infante apresenta comportamentos estereotipados evidenciando o sofrimento que o cristaliza devido a fragilidade no modo como os adultos têm exercido suas funções parentais. Neste cenário, o terapeuta é convocado a compreender ─ por meio dos signos que flutuam entre o sintoma da criança e a demanda trazida pelos pais em seus discursos ─ a trilha que poderá levá-lo na direção de um deciframento possível do enigma que o sintoma encobre (LEVY, 2008, p. 59).

Entretanto, o terapeuta é posto numa condição delicada, entre as exigências da família pela cura do sofrimento que assola a criança e as pressões impostas pela escola à espera dos famosos diagnósticos, como atenta Manonni (1971)[1]. Diante disso, o profissional é convocado a se inquietar frente ao como fazer para lidar com o tempo e, ainda assim, ter manejo para observar os fragmentos que montam o quebra‐cabeças que irá possibilitar ao observador (terapeuta) compreender as razões que tem levado, cada vez mais cedo, crianças em sofrimento à clínica[2].

É deste lugar de confusão e vazio, diante do apelo das famílias em sofrimento, que o profissional precisa reinventar seu fazer clínico, na tentativa de aproximação ao que causa sofrimento à criança e aos mecanismos que operam na fantasia da dinâmica familiar e respondem ao desejo do casal parental. “Nessa forma desconcertante de comunicação, o que aparece de fato é o inconsciente da criança que é formado até certo ponto do que a família deseja ou recusa.

[1] O importante a ser considerado é a manifestação qualitativa e subjetiva desta expressão de forma integrada à dinâmica de inter-relações: criança-família-sociedade (MANONNI, 1971).

[2] Há em Lacan, de certa forma, uma autonomia da racionalidade prática: por isso diz-se com frequência que a clínica é soberana (Ferretti, 2004 1971, p. 16).

Lévy,R.(2008). O Infantil na Psicanálise: O que entendemos por Sintomas na Criança. Rio de Janeiro: Vozes.

Manonni, M.(1971). A Criança, sua ‘doença’ e os outros. Rio de Janeiro: Zahar.

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Renata Cuch

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